#5 A "angústia da separação" das relações cotidianas
Sobre a tentativa de evitar os afastamentos naturais da vida
Obs: esse texto foi escrito em 07/04/2025. Sim, eu sei que estou atrasada!
Eu não sei vocês, mas estou vivendo uma fase de muitas mudanças. Terminei o ensino médio ano passado, sobrevivi à época de vestibular, passei na faculdade para o 2° semestre, alguns amigos muito queridos se mudaram e comecei 2 empregos. Deu pra sentir o clima daí?
Mesmo com todas essas novidades, nova rotina, novos ciclos e sensações, algo tem me incomodado profundamente: o sentimento de que agora vivo minha vida sozinha. Sei que parece óbvio, afinal, apenas nós somos responsáveis por nós mesmos. Mas quero dizer algo mais complexo.
Quando somos bebês, passamos pela fase de nos entendermos seres individuais, separados da mãe. O nome desse fenômeno é “angústia da separação” (sim, eu sei um google!). Sinto que estou passando por essa fase novamente, precisando entender que não verei mais os meus amigos e meu namorado todos os dias na escola, que os cafés com fofoca na sala dos professores agora serão feitos com outros alunos e que não dividirei as histórias mais absurdas num banco em que não cabia todos os meus amigos e eu sentados juntos. Inclusive, usei a frase “a saudade é o azar de quem teve muita sorte” no meu discurso de formatura, pois já sabia que ia sentir muita falta dessa vida.
Isso tudo me causou a angústia de perceber que todos nós vamos seguir rumos diferentes e não seremos mais tão presentes na vida uns dos outros. Não me ache atrasada! Todos sabemos disso, mas o ‘saber’ racional é diferente de viver e sentir. Estou nesse estágio agora.
Sei que isso não vai mudar, e na verdade, só se intensifica com o tempo. Tenho tentado minimizar essa sensação de solidão com a seguinte regra: pensei na pessoa? Mando mensagem. Pergunto como estão as coisas, como vai a vida e conto da minha também. Todos nós precisamos disso.
Eu odeio a sensação de perder um amigo pro acaso. Sabe aquela pessoa que a rotina dificultou o contato ? Isso me deixa transtornada. Por isso, decidi que não deixarei isso acontecer com as minhas relações.
As coisas não são mais como eram antes, são novas.
Se olharmos o fim de um ciclo por outro ângulo, vemos o início de outro.
momento cultura 🎭
Aqui te recomendo repertórios culturais relacionados a esse texto.
Sendo muito sincera, senti dificuldade em recomendar algo hoje, principalmente por não entender a vibe do meu próprio texto (que escritora esquisita, meu deus!). Quando comecei a sentir esse tema dentro de mim, criei uma playlist chamada “acho que essa é uma nova fase…”. Por incrível que pareça, nela não há apenas músicas com esse tema, mas vou recomendar duas que fazem parte dela.
A primeira é “Meu novo mundo”, do Charlie Brown Jr. Pra mim ela retrata muito bem a vontade de continuar uma relação, apesar da distância.
(…) Mas a vida tinha um plano e separou a gente
Mas se quem eu amo tem amor por mim
Se quem eu amo tem amor por mim
Eu sei que ainda estamos muito longe do fim
A vontade de te ver já é maior que tudo
E não existem distâncias no meu novo mundo (…)
A segunda é “Scott Street”, da Phoebe Bridgers. Essa música tem uma vibe mais triste e melancólica, mas também retrata ao afastamento de pessoas amadas e o pedido para não se tornarem estranhos um para o outro.
Passando pela Rua Scott, me sentindo uma desconhecida
Com coração aberto, bebida aberta
Você sente vergonha
Quando ouve meu nome?
De qualquer jeito, não se torne um estranho
Espero que minhas palavras tenham te tocado de alguma forma!
Qual a angústia do seu ser nesse momento?
Evento canônico na vida dos apegados. Mesmo já tendo saído do ensino medio a um tempo, ainda sinto falta do apego aos amigos, parece que ta todo mundo correndo atrás do seu e que isso significa distância. Mas com o tempo, quando a gente aprende a equilibrar o apego com o correr atrás do seu, tudo fica um pouco mais confortável, apesar da saudade bater sempre